Em 2020, todo mundo precisou ser um pouco startup. Ou seja, em um período em que nos deparamos com tantas incertezas e transformações, ser inovador, trabalhar de forma ágil e saber empreender foram diferenciais importantes para enfrentar um ano cheio de dúvidas.

E como foi o período para as startups?

“Em um primeiro momento elas tiveram como desafio ‘segurar’ o caixa. Na pesquisa realizada pelo iDEXO com  a Liga e o Inovativa Brasil identificamos que as principais medidas tomadas pelos empreendedores no início da pandemia foram: reduzir os gastos com escritório, marketing e pagamentos de fornecedores. Foi um momento de focar no que era essencial para passar por esse período turbulento e estar mais forte para a retomada. Vimos uma aceleração no lançamento de produtos e funcionalidades por parte das startups, e ações criativas para reter os clientes já conquistados”, explica o diretor geral do iDEXO, Vítor Andrade.

O cenário de extrema incerteza está na definição do que é ser uma startup. Elas já surgem em um ambiente de muitas dúvidas. O desconfortável é comum no ambiente de negócio. Isso permite que lidem melhor com cenários ambíguos e sejam mais flexíveis para as mudanças.

Sendo assim, o ecossistema brasileiro de inovação conseguiu registrar um dos melhores resultados dos últimos anos.

De acordo com dados do Distrito, o volume total de aportes feitos às startups, até outubro deste ano, foi de R$ 12 bilhões, um montante que já representa alta de 3% se comparado ao mesmo período de 2019.

Na comunidade iDEXO, nos deparamos com negócios que precisaram pivotar, ou seja, mudar seus modelos de atuação para continuarem crescendo, como foram os casos da Smartrips e Vitrine.

Ao mesmo tempo, em alguns setores foi o contrário, viram suas soluções atenderem a uma demanda emergente, como aconteceu com:

  • Prova Fácil;
  • Workalove;
  • Pin People;
  • Netshow.me;
  • Memed;
  • Medicinae;
  • Trackage.

Vamos relembrar um pouco da trajetória de cada uma delas em 2020?

Entenda os principais desafios e aprendizados deste ano

A primeira coisa que o CEO e cofundador da Smartrips, Felipe La Porte, se lembra é o quanto foram assustadores os primeiros prognósticos lá em março.

“Não se sabia quanto tempo poderia durar o isolamento social e o nosso setor [turismo] foi um dos mais atingidos logo no começo. Depois de sentarmos para pensar em nossos planos, identificamos uma solução para um cliente específico”, conta.

A startup nasceu focada em oferecer uma melhor experiência para viagens corporativas. Agora entrega uma plataforma completa que possibilita um maior controle de custos e de avaliar o retorno gerado pelas viagens. Tudo isso de forma personalizada a partir das demandas de cada empresa.

Já no caso da Vitrine, a escolha estava entre esperar o cenário voltar ao que era antes ou se reinventar. A startup que, até então, fazia a  padronização visual de vitrines, viu grande parte de seus clientes – lojas de shoppings centers – precisarem fechar as portas.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), quase 40% dos malls ficaram sem funcionar por cinco meses neste ano.

Em 2020, a  escolha da startup Vitrine foi pivotar e passou a oferecer aos clientes soluções como gestão de lojas online, possibilidade de unificar o lançamento de produtos a partir de características locais e regionais do cliente, entre outros serviços.  

O resultado positivo, de acordo com o CEO da startup Tiago Vieira, foi perceptível inclusive internamente.

“Nos deparamos com um time que se saiu muito bem trabalhando remotamente, engajado e até que oferece mais entregas”, avalia.

QUEM JÁ TINHA A SOLUÇÃO

E quando o que você traz como solução é essencial para uma demanda que se tornou urgente?

De acordo com uma pesquisa do Instituto DataSenado, sobre a educação na pandemia, 58% (32,4 milhões) dos alunos matriculados no ensino básico e superior do Brasil passaram a ter aulas remotas em 2020. 

Foi neste cenário de novo modelo de estudo para a maior parte dos estudantes do país que a Prova Fácil entrou. A plataforma oferece, entre outros serviços, o gerenciamento de processo de seleção, avaliação digital e correção de prova de forma automatizada.

Somente neste ano, a startup recebeu 3 milhões de novos acessos na ferramenta e quase 700 mil novos usuários, entre gestores educacionais, professores e estudantes, resultando em um crescimento de cerca de 40%.

O sentimento de colaboração no setor de Educação também foi vivenciado pela startup Workalove. A startup conecta estudantes com o mercado de trabalho, auxilia no combate à evasão escolar e contribui para o aumento da empregabilidade dos alunos.

“Nossa solução que ficava no terceiro lugar entre as prioridades das instituições de ensino passou a ocupar o topo. E, se tem algo que podemos dizer que veio para ficar, é a velocidade das mudanças. Depois de 2020 ela nunca mais será a mesma”, declara a CEO da edtech, Fernanda Verdolin

E se estamos tratando sobre demandas deste ano, é possível não errar se dissermos que todos precisamos, pelo menos uma vez neste ano, participar de algum evento, aula ou reunião no modelo virtual. 

Foi assim que a Netshow.me viu sua plataforma de distribuição de conteúdo online (OTT) crescer.

“O mundo viveu um ponto de inflexão em que a digitalização da comunicação evoluiu para um novo patamar de um dia para o outro. Todo esse universo de vídeos, transmissões ao vivo, monetização, eventos online, deixou de ser inovação para se tornar o padrão, o necessário. Isso trouxe um enorme amadurecimento do mercado e abriu novas oportunidades”, explica o cofundador da Netshow.me, Daniel Arcoverde.

Assim como o sistema de ensino e as transmissões virtuais sofreram alterações neste ano, no meio profissional, também foram muitos os aprendizados.

“O que mudou foi entender que é possível trabalhar remotamente, ser produtivo e entregar resultado. Além disso, todos precisaram desenvolver uma capacidade de se organizar rapidamente ao novo cenário. Foi um período de mudanças, mas que muitas vieram para ficar”, explica a cofundadora da Pin People, Isabella Botelho.

A startup é uma plataforma de gestão de experiência do colaborador que permite que organizações automatizem e mensurem a experiência dos seus times.

NO LUGAR E NO MOMENTO CERTOS

E se é de transformação digital que estamos falando, a logística aparece entre os segmentos que estão no topo desta lista. 

A Trackage é especialista em rastreabilidade inteligente, acompanhamento em tempo real de informações e processos logísticos. O aumento do consumo online, motivado pelo isolamento social, fez com que ela chegasse a monitorar 15 milhões de volumes em centros de distribuição de clientes.

“O nosso maior desafio foi revisitar o planejamento do ano e, de forma bastante ágil, ajustar o formato de entrega das nossas soluções e acompanhamento com os nossos clientes, que fazíamos até então de forma presencial. Desenvolvemos novas ferramentas para estabelecimento de novos e eficientes processos de implantação das soluções e capacitação dos nossos clientes de forma remota”, explica o CEO da empresa, Victor Hugo Moreira.

Outro setor que sentiu a grande transformação foi o da Saúde. De acordo com um levantamento feito pela revista Exame, só nos seis primeiros meses de pandemia, o País efetuou mais de 1,7 milhões de consultas.

Em 2020, startups como a da Memed e Medicinae, ambas parceiras da TOTVS, puderam ajudar profissionais do setor na prescrição médica digital e nos meios de pagamento à distância. Duas soluções fundamentais para um momento em que as consultas online se tornaram uma realidade. 

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