Quando decidimos pivotar o modelo do iDEXO, a chamada para o segundo batch de startups, planejado para começar em agosto, já estava aberta no site – e a nossa caixa de entrada, cheia de empreendedor interessado. Então veio a dúvida: o que fazer com esse material?
A gente tinha duas opções de caminhos a seguir: cancelar as inscrições e tirar a página do ar, ou deixá-las rolando. Optamos pela segunda, mas claro que com a certeza de que a seleção seria diferente. Só não sabíamos como.
Foi aí que o Juliano Seabra, nosso head, trouxe a ideia de aproveitarmos esse tempo para fazer uma imersão de UX (user experience – experiência do usuário, em português). Para quem não conhece, é uma metodologia que trabalha o usuário no centro de um projeto. Ou seja, antecipa como o público-alvo se relacionaria com o produto ou serviço e, a partir disso, transforma a experiência na melhor possível.
Durante duas semanas, reunimos todas as impressões e feedbacks que recebemos do primeiro batch e praticamente nos mudamos para o laboratório de UX da TOTVS, nossa associada fundadora. A missão era construir uma jornada que fizesse muito mais sentido para o ecossistema.
Chuva de post-its
Chegamos lá com um objetivo claro: criar uma experiência assertiva de conexão entre startups e empresas.
Para isso, a primeira tarefa foi mergulhar no iDEXO sob diferentes pontos de vista. Começamos escrevendo em post-its nossas principais dúvidas, que eram mais ou menos essas:
Como garantir conexões para associados com core business específicos? Qual o ciclo ideal para as startups ficarem no iDEXO? Devemos seguir o que o ecossistema já faz ou fazer diferente?
Em seguida, fizemos a dinâmica do ‘É/Não é’ e ‘Faz/Não faz’, que nos ajudou bastante.
Essa etapa foi interessante porque colocamos no papel tudo aquilo que pensávamos sobre o iDEXO, o que éramos e o que poderíamos (ou não) ser. Ah, e vale dizer, totalmente sem filtros e pré-conceitos, exatamente como deve ser um processo de UX.
[Aliás, se você está desenhando um projeto ou mesmo pivotando algo que já estava rolando, faça algo do tipo. É certo que vão surgir insights no time que em qualquer outra ocasião não apareceriam].
Depois de levantar algumas hipóteses, chegou a hora de partir para a fase de entrevistas, momento de pré-validação do que estávamos pensando e de receber feedbacks. Selecionamos três públicos-alvo: startups, empresas associadas e Totvers, como são chamados os colaboradores da TOTVS. Nessa etapa, percebemos pontos importantes:
• muita gente achava que o iDEXO era apenas mais uma aceleradora que ensinaria a tirar uma ideia do papel;
• outros pensavam que ao participar do programa, cederiam parte de seus produtos/serviços para as empresas associadas ao iDEXO;
• a comunicação não era clara e eficiente – muitos nunca nem tinham ouvido falar do iDEXO;
• não existia um diferencial claro em relação às outras iniciativas de empreendedorismo.
Ouvir tantos pontos de vista ajudou bastante no andamento, mas era preciso filtrar o que dali nos era útil considerando que já tínhamos em mente uma linha a seguir (a de focar em desenvolvimento de negócios concretos entre startups e grandes empresas).
Estes achados se transformaram nos insights trabalhados na próxima etapa do processo: o workshop de ideação. Priorizamos quatro insights relacionados ao universo de startups e seis relacionados aos associados:
STARTUPS
•Como apoiar as startups com recursos que não sejam necessariamente financeiros?
•Como ajudar as startups a rodarem seus primeiros pilotos?
•Como personalizar a experiência das startups?
•Como deixar a escala técnica menos traumática?
ASSOCIADOS
•Como acelerar o modelo de parceria entre empresas e startups?
•Como quantificar resultados de um programa de inovação?
•Como acelerar as conexões de forma organizada e transparente?
•Como alimentar os associados com informações e conteúdos relevantes?
•Como manter o iDEXO atualizado das necessidades e estratégias das áreas? /Como ajudar os associados a desenharem seu roadmap de inovação?
•Como transformar investimentos em realidade?
Das 10 necessidades trabalhadas nesse workshop, nasceram 18 desafios e mais de 100 ideias discutidas. O próximo passo era prototipar as melhores e mais pertinentes e, então, entrevistar mais um grupo de pessoas para entender se aquele modelo faria sentido.
Com o protótipo validado, era hora de colocar no papel o passo-a-passo da jornada iDEXO. Ah, detalhe importante: são duas. A jornada do associado e a jornada da startup.
Com tudo mais claro, chegou finalmente o momento de montar a nossa proposta de valor. Em um canvas, definimos as dores, ganhos e to-dos de cada persona (associado e startups). Em outro canvas, registramos o que o iDEXO precisaria fazer para resolver essas dores e gerar ganhos para os dois lados.
Por fim (pelo menos na teoria, óbvio), com nosso MLP (minimum loveable product) definido, partimos para os últimos ajustes, corremos atrás do necessário e colocamos as mãos na massa.
Começou
Na primeira quinzena de julho, realizamos a semana de pitches de startups para a nova fase do iDEXO. Foram selecionados 24 negócios dentre aqueles que se inscreveram para o que seria o segundo batch e outros que chegaram até a gente via indicação.
Nosso processo de seleção de fato foi outro: abrimos mão das startups embrionárias e escolhemos somente aquelas que tinham uma oportunidade de negócio concreta com pelo menos um de nossos associados. Como contamos no outro post, executivos da TOTVS, Banco ABC e Soluti participaram ativamente das bancas.
No dia 1º de agosto, fizemos o evento de boas-vindas às 11 startups selecionadas. Desde então, o trabalho está intenso. SPOILER: em menos de dois meses, já temos várias integrações e negócios saindo do papel – sem falar na chegada de novas startups quase que semanalmente.
Não tem jeito: às vezes, pivotar é a solução.